“Nascido na cidade de Pelotas, no ano de 1952, Rômulo de Jesus Dieguez de Freitas foi um ser humano extraordinário, no sentido mais puro da palavra. Fora do comum. “Hors concours”, como ele dizia sobre tantas outras coisas. Rômulo era um amante das palavras – seja nos livros ou nas peças que redigia com tanta primazia. Quando jovem, fazia “bico” de datilógrafo de trabalhos de faculdade, atividade que deu origem a um hobby e a um prazer único: uma coleção de máquinas antigas que exibia com orgulho comovente. Mas ele, que por vezes parecia subestimar as tantas coisas que fez (muitas, a cada dia ainda descobertas), se gabava mesmo era de seus filhos. Seu maior orgulho era as relações que tinha no presente. Depois de criá-los com tanta presença e sabedoria, passou a viajar com sua companheira – o amor da sua vida, como dizia até o fim – por todo o mundo. Seguiu e multiplicou o seu entusiasmo com a vida e com as histórias das coisas, lugares e pessoas. Foi influenciador digital, advogado, fiscal do Estado e professor – amante de seus ofícios. Virava, com facilidade, família de seus colegas de trabalho e alunos. Era preocupado com o mundo. Foi pioneiro ao propor, na década de 1990, a ideia de um imposto ecológico. Grande leitor de filosofia e antigo professor de ioga, dizia que é preciso aceitar o que a vida oferece. Fez isso no exemplo: até o fim, com tanta dor, espalhava sorrisos e olhos cheios de gratidão para todos que cruzavam seu caminho, sua vista. Ouvia as pessoas. As tantas pessoas que foram atravessadas pelos seus conselhos, carinho e bondade agora lidam com esse ensinamento propagado por ele: aceitam sua partida e honram, com suas próprias vidas e em suas próprias ações, tudo o que ele fez, grandiosidade tão difícil de sistematizar com as palavras. Ele vive na memória e no amor.”